Macau

Joana Martins, Ana Luiza Nobre e David Sperling

Macau

22°11'50" leste e 113°32'27" norte.

Última colônia portuguesa a se tornar independente, após quatro séculos como entreposto europeu na Ásia.

Publicado em
22/09/2022

Atualizado em
02/12/2022

O território ultramarino português  se estendia, em seu apogeu, da América à Ásia. A colônia mais ao leste (com exceção de Nagasaki, que esteve sob domínio português por pouco tempo) foi uma das primeiras a serem conquistadas e também a última a se tornar  independente: Macau.

Macau é composta pelos territórios de uma península e duas ilhas (Taipa e Coloane). Ao sudeste do país, em meio ao Mar do Sul da China, sua localização geográfica foi ambicionada pelos portugueses para o comércio com o oriente. Em 1557, os portugueses, que já circulavam pela região, conseguiram permissão dos chineses para ali aportarem suas embarcações e se estabelecerem, firmando um comércio triangular com o Japão e a Índia. 

O governo chinês encarou a presença portuguesa em seu território como uma ocupação, prevalecendo a soberania chinesa – situação semelhante à vizinha Hong Kong, ocupada pelos britânicos – enquanto, para Portugal, Macau era uma colônia. Esse arranjo político se estendeu por quatro séculos e só foi alterado a partir de 1972, com um pedido chinês à ONU para que os territórios deixassem de ser considerados colônias estrangeiras. Nas décadas seguintes, acordos diplomáticos fizeram a transferência gradual do território, até que em 1999 Macau voltou a pertencer à China. Porém, seguiu como uma Região Administrativa Especial, com um sistema político e econômico autônomo.

A colonização de Macau se distingue das demais colônias extrativistas portuguesas, em especial do Brasil. Ali o domínio português não foi capaz (ou não teve interesse) de impor por completo sua cultura, língua e modos de vida. Os documentos e a língua oficial em Macau foram exclusivamente o português durante o tempo de colonização, porém o mandarim e o cantonês (língua nativa de Macau) seguiram sendo falados pela maioria da população macaense até hoje. Pelas ruas da cidade, a sinalização oficial é em mandarim e português, e é possível ver placas e ouvir conversas em cantonês, que é usado de forma mais cotidiana. O português só é ouvido em espaços mais específicos, onde residem os poucos falantes.

O interesse pela língua portuguesa vem crescendo desde 1990 na China, quando o país voltou seus interesses comerciais para países africanos lusófonos, como Angola e Moçambique. A economia chinesa vem ocupando o vácuo deixado pelo Brasil no mercado africano após os escândalos de corrupção envolvendo empreiteiras brasileiras a partir de 2014. O Brasil também está no radar comercial chinês, como seu maior parceiro comercial.

Nessa cidade de ares cosmopolitas, considerada a Las Vegas do Oriente, o maior hotel-cassino do mundo, construído às margens de uma cópia do Grande Canal de Veneza, convive com os degraus gastos da monumental escadaria do que resta de uma igreja jesuíta listada como patrimônio da humanidade e reconhecida em Portugal, após controversa votação popular, como uma das “sete maravilhas de origem portuguesa no mundo” – ao lado da igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto e a igreja-convento de São Francisco em Salvador, no Brasil.

 

Ruinas de São Paulo. Paolobon140/ Wikimedia Commons. (1)

Ruinas de São Paulo. Paolobon140/ Wikimedia Commons. (1)

Mapa do Império Português, 1573.  Domingos Teixeira / Wikimedia Commons. (2)

Mapa do Império Português, 1573. Domingos Teixeira / Wikimedia Commons. (2)

Hotel Morpheus,projeto de Zaha Hadid Architects no

Hotel Morpheus,projeto de Zaha Hadid Architects no "City of Dreams", Zona turística que agrupa hotéis, shoppings, cassinos e restaurantes. Ivan Dupont. (3)

Placas urbanas em chinês e português. (4)

Placas urbanas em chinês e português. (4)

Biombos de Nambam, pintura dos portugueses chegando em Nagazaki, Kano Naizen. (5)

Biombos de Nambam, pintura dos portugueses chegando em Nagazaki, Kano Naizen. (5)