Por um chão comum

Atlas do Chão

Constelação desenvolvida em caráter experimental no âmbito da disciplina “Tópicos especiais Em Teoria, História e Crítica da Arte e da Arquitetura”, ministrada pela Profa Ana Luiza Nobre no Programa de Pós-graduação em Arquitetura do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Rio em 2020.2.

Publicado em
26/10/2021

Atualizado em
10/12/2021

Cada ponto foi mapeado por um aluno ou aluna em função das suas pesquisas e seus interesses pessoais, tendo em vista o tema norteador do curso: “Por um chão comum”.

O objetivo do curso foi avançar na discussão sobre a multivalência dos sentidos do chão, tendo em vista sua relação com práticas projetuais, urbanas e políticas contemporâneas que desafiam as disciplinas da arquitetura e do urbanismo e suas categorias, procedimentos e paradigmas tradicionais. Isso implicou a problematização de conceitos tornados esquemáticos, como espaço público e território, e mais particularmente a exploração da noção de “comum”, conforme discutida por autores como Silvia Federici, Isabelle Stengers, Bruno Latour, David Harvey, Stavros Stavrides, Michael Hardt & Antonio Negri, Pierre Dardot & Christian Laval, do ponto de vista das suas relações com táticas e práticas que visam a ampliação do direito à terra e à cidade e a refundação do mundo em que vivemos sobre bases mais horizontais e igualitárias.

Entre as muitas abordagens possíveis, partimos da definição kantiana do chão como “arquivo do mundo”. Ou seja, não como superfície mas enquanto corpo comum que guarda memória; matéria heterogênea com propriedades físicas que podem ser afetadas, modeladas e transformadas. E que, na sua fecundidade única, constitui condição imprescindível para a existência – e coexistência – na Terra.

Será possível reorientar o “redescobrimento do chão” das últimas décadas (Ilka & Andreas Ruby) para além dos impasses disciplinares da arquitetura, visando a construção de um novo sentido de comunialidade? Que meios arquitetônicos podem ser mobilizados para subverter os novos cercamentos? Em que medida a dimensão do comum, quando referida ao chão, pode contribuir para repotencializar o sentido da arquitetura? E até que ponto o estudo de práticas socioculturais inscritas no chão pode ajudar a destravar nosso imaginário projetual, político e urbano, em momento tão crítico? Estas foram as questões lançadas inicialmente, a partir das quais muitas outras se seguiram.

Todas as etapas do trabalho foram discutidas e decididas coletivamente, tanto do ponto de vista teórico-conceitual quanto gráfico-cartográfico.

Agradecemos aos professores e professoras convidads, com quem pudemos discutir e aprofundar muitas das ideias que ancoram esta constelação e o próprio Atlas: Carlos Teixeira, Andrea Maciel, Camila Freitas, Francisca de Sousa, Paulo Tavares, Wellington Cançado e David Sperling.