Palma Mater

Joana Martins, Ana Luiza Nobre e David Sperling

RJ, Brasil

22°58'10" oeste e 43°13'28" sul.

Um pedaço de caule museificado é o que resta da mãe de todas as palmeiras que se tornariam símbolo do regime monárquico no Brasil.

Publicado em
13/10/2022

Atualizado em
02/12/2022

Junto com outras espécies exóticas – como o café – , a chamada “palmeira real”, ou “palmeira imperial” foi introduzida em terras brasileiras como produto comercial de alto valor. A primeira teria sido plantada pelas mãos do próprio D. João VI no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, no ano seguinte à chegada da Corte portuguesa. E como ela deu origem a todas as demais palmeiras plantadas em solo brasileiro – e foram muitas -, tornou-se conhecida como Palma Mater, a “palmeira mãe”.

A altura colossal que diferencia sua espécie (Roystonea oleracea, originária das Antilhas), também lhe custou a vida, porém. Em 1972, a Palma Mater, com seus 38,7 metros de altura, foi fulminada por um raio. O que restou de seu tronco foi guardado e em seu lugar foi plantada outra, chamada de Palma Filia – por ter derivado de uma semente da palmeira original.

Sementes que foram muito disputadas, aliás. Conta-se que sua distribuição era restrita aos aliados do rei, como sinal de lealdade. Também há relatos de que o então diretor do Jardim Botânico teria mandado queimar as sementes da Palma Mater para garantir a exclusividade do exemplar plantado pelo rei português. O que não impediu o comércio clandestino das sementes por pessoas escravizadas, contribuindo para sua disseminação para além dos edifícios monumentais da capital, das fazendas de café no interior e de logradouros públicos em diversas cidades brasileiras.

Na sua verticalidade imponente, as palmeiras acabaram servindo, assim, à construção de uma imagem identitária nacional em plena consonância com a ideia de um poder concentrado numa única fonte, a ser transmitido por hereditariedade. Uma ideia que foi tombando aos poucos, junto com as próprias palmeiras, cuja expectativa de vida é de 150 anos. Ainda que as palmeiras imperiais sigam evocando noções de exclusividade em projetos de paisagismo de condomínios e residências luxuosas, como bandeiras hasteadas junto aos novos edifícios neoclássicos que brotam como pragas do asfalto, de Norte a Sul do país.

Palma Mater, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 1942. Foto: João dos Santos Barbosa

Palma Mater, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 1942. Foto: João dos Santos Barbosa

Palmeiras Imperiais no condomínio de luxo Jardim Pernambuco, Rio de Janeiro Foto: Ana Luiza Nobre

Palmeiras Imperiais no condomínio de luxo Jardim Pernambuco, Rio de Janeiro Foto: Ana Luiza Nobre

Palmeiras Imperiais no Palácio do Catete, Rio de Janeiro Foto: Joana Martins

Palmeiras Imperiais no Palácio do Catete, Rio de Janeiro Foto: Joana Martins

Palmeiras Imperiais no Palácio do Itamaraty, Rio de Janeiro Foto: Victor Vaccari

Palmeiras Imperiais no Palácio do Itamaraty, Rio de Janeiro Foto: Victor Vaccari

 Exposição Tombo de Rodrigo Braga, Casa França Brasil, Rio de Janeiro, 2015 Fonte: https://rodrigobraga.com.br/tombo

Exposição Tombo de Rodrigo Braga, Casa França Brasil, Rio de Janeiro, 2015 Fonte: https://rodrigobraga.com.br/tombo

Exposição Tombo de Rodrigo Braga, Casa França Brasil, Rio de Janeiro, 2015 Fonte: https://rodrigobraga.com.br/tombo

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Passeata Pró Lula, Praça da Liberdade, Belo Horizonte, 2022 Fonte: https://twitter.com/jessica_crvz/status/1579128640138510340

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