Pátio Malzoni, Jardim do Éden
Giovanni Bussaglia, Ana Luiza Nobre e David Sperling
SP, Brasil
23°35'11" oeste e 46°40'55" sul.
Publicado em
25/09/2022
Atualizado em
27/06/2023
A palavra paraíso vem de pairidaeza, que significa um cercado que é lugar de felicidade para os primórdios e para o fim dos tempos. Local de abundância, ausência de sofrimento e proximidade de Deus.
Para representar esse paraíso, a imagem do homem foi a de um jardim cercado, o jardim do Éden, um paraíso terrestre que seria centro de um mundo a ser (re)descoberto. Nesse paraíso perdido, os elementos naturais reúnem-se a partir da rica flora e da fluidez suave dos corpos d’água que o delimitam.
O pátio islâmico e o claustro do cristianismo buscaram, por meio da arquitetura, traduzir esse simbolismo. A água sob a forma de uma fonte; a vegetação, presente ou representada; e a relação entre a Terra e o Céu, o profano e o divino, pela ausência de cobertura.
São Paulo também tem seus jardins: Jardim Paulista, Jardim Paulistano e Jardim Europa. Todos ao redor do Paraíso. Mas o centro desse mundo, o Jardim do Éden dos Jardins, é o bairro Itaim-Bibi – cujo nome é a junção de Itaim ou “Itahy”, que em tupi significa pedra pequena, e Bibi, apelido de Leopoldo Couto de Magalhães Júnior, antigo proprietário da fazenda que originou os loteamentos da área.
A Mata Atlântica era a vegetação nativa desse território, então cercado por 4 cursos d’água (os córregos Traição, Uberabinha, Sapateiro e Iguatemi). Além destes, por ele percorria o Rio Pinheiros, responsável por alagar essas terras, isolando a sede da fazenda, resistente ao passar do tempo: a casa bandeirista do Itaim-Bibi.
Os córregos canalizados e o rio totalmente invertido foram promovendo, pouco a pouco, o fim das inundações e o aparecimento de um mundo novo. De um lado, a divina especulação imobiliária, de outro a profana expansão urbana. Juntas, procuravam a expressão arquitetônica que pudesse simbolizar o paraíso terrestre.
Assim nasceu o Edifício Pátio Victor Malzoni, maravilha da arquitetura e paraíso na Terra, no chão mais caro por m² já vendido até então na cidade de São Paulo.
Diante desse paraíso que se instala e paira ao redor e acima da casa bandeirista restaurada, o passado preservado vira mero arremedo.
Como ápice desse paraíso, o pátio coberto emoldura o jardim do Éden paulistano. O que se instala ao rés-do-chão como promontório para a fruição de uma paisagem especular. E o que se impõe acima, sede de matrizes financeiras-comunicacionais que propõem o novo mundo. Divino profano.
Edifício Pátio Victor Malzoni
Galeria da Arquitetura | Pátio Victor Malzoni - Botti Rubin
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Referências
Imagem 1: https://vejasp.abril.com.br/cidades/pufes-predio-itaim-bibi/
Imagem 2: Georges Seurat, 1884
Imagem 3: https://m.galeriadaarquitetura.com.br/slideshow/newslideshow.aspx?idproject=452&index=3
Imagem 4: https://ecocircuito.com.br/tecnologia-para-gestao-de-residuos-em-hoteis/
Imagem 5: https://web.revistarestauro.com.br/resgatar-das-ruinas-a-casa-bandeirista-do-itaim-bibi/?print=print
Imagem 6: https://saopaulosecreto.com/edificio-patio-victor-malzoni-faria-lima/