Matopiba
Mariane Cardoso, Ana Luiza Nobre e David Sperling
10°15'16" oeste e 45°51'36" sul.
Publicado em
30/09/2022
Atualizado em
02/12/2022
Uma área correspondente a duas Alemanhas, entre os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, nascida do encontro da agropecuária com o capital financeiro e industrial, como um território colonizado por grandes empresas nacionais e estrangeiras. Em 2015, um decreto presidencial oficializou sua existência ao instituir o Plano de Desenvolvimento Agropecuário do Matopiba, que reconheceu aí um território geoeconomicamente diferenciado, de desenvolvimento atrelado à atividade agropecuária.
Em Matopiba, a produção agrícola já nasce com investimentos elevados obrigatórios, que abrangem uma larga manipulação dos chamados recursos “naturais” por meios técnicos que vão do desmatamento mecanizado à adaptação biotecnológica de sementes de soja e milho.
A defesa desse modelo expansionista é apoiada por um discurso de aproveitamento de terras marginais e supostamente vazias que repete histórias contadas durante a ditadura militar sobre a floresta amazônica, prometendo combater a insegurança alimentar que assola uma das regiões mais pobres do Brasil. E mais uma vez, o avanço das colossais monoculturas apoia-se em práticas como grilagens, fraudes cartoriais e invasões de terras.
Em Matopiba, foram identificadas 46 unidades de conservação, 36 terras quilombolas, 35 terras indígenas e 1.053 assentamentos de reforma agrária. A luta por essas terras é também a luta por modos de vida e de relação com o cerrado que não correspondem à produção cada vez mais mecanizada mas a tecnologias tradicionais que asseguraram até aqui a sobrevivência de diversas gerações de comunidades de fundos e fechos de pasto, de geraizeiras, veredeiras e quebradeiras de coco-babaçu, entre outras.
Quebradeiras de Coco Babaçu
Indígenas e comunidades locais manifestam preocupação com o avanço da soja no Matopiba
Links Relacionados Matopiba Grilagem
Referências
BELCHIOR, Ernandes Barboza; ALC NTARA, Pedro Henrique Rezende; BARBOSA, Cláudio França. Perspectivas e desafios para a região do Matopiba. Embrapa Pesca e Aquicultura, n. 16. Palmas, 2017.
LIMA, Elaine Carvalho de. Matopiba: desenvolvimento rural em uma nova fronteira agrícola. Tese (Doutorado em Economia) – Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, 2020.
PAES, Gustavo. Panorama Setorial - Força do Matopiba. Observa Fundaj, on-line, 31 de Março de 2021. Disponível em: . Acessado em 02 Ago. 2022.
PEREIRA, Lorena Izá. Matopiba: dos ajustes espaciais do agronegócio ao território de esperança do campesinato. REVISTA NERA, v. 22, n. 47. Presidente Prudente, 2019.
SANTOS, Chico. Os caminhos de Matopiba. Conjuntura econômica, v. 69, n. 7, p. 44-51, 2015.
VIEIRA, Francisca Pereira; NÓBREGA, Mariana Conceição Leal; LIMA, Débora Assumpção. Dona Francisca: Entre Cabaças, Caminhos De Luta e Sementes de Resistência. Revista NERA, v. 22, n. 47. Presidente Prudente, 2019.
FONTES DAS FOTOS
Foto 1: https://memoria.ebc.com.br/noticias/2015/06/quebradeiras-de-coco-pedem-regulamentacao-da-profissao-0
Foto 2:https://media.greenpeace.org/asset-management/27MZIFJWUT078
Foto 3: https://apublica.org/2018/05/nos-baixoes-do-piaui-paga-se-o-preco-do-progresso-do-matopiba/
Foto 4: https://blogln.ning.com/m/blogpost?id=2189391%3ABlogPost%3A171873